Já vimos como aumentar o número de ovelhas e cabras prenhes (fertilidade), como aumentar a produtividade na criação de cordeiros e cabritos (prolificidade) e hoje vamos ver como aumentar a sobrevivência deles.
Vamos falar do indicador Mortalidade. Podemos calcular a mortalidade total do rebanho mas nesse caso, vamos falar do indicador de mortalidade dos filhotes.
Para calcular, devemos ter o número total de filhotes mortos do parto (nasceu morto, morreu logo após o parto) até o desmame.
O ideal? Claro, seria 0% de mortalidade, ou seja, que todos os filhotes sobrevivessem. Mas trabalhamos com biologia, as perdas fazem parte da vida. O que buscamos então? Trabalhar com mortalidade o mais baixo possível. Vai depender do sistema de manejo, da produtividade e de muitos outros fatores. Máximo? 10% seria OK, 5% seria bom e 3% seria ótimo. Se conseguir menos, melhor! 😉
Para manter o indicador de mortalidade de cordeiros e cabritos baixos, nosso trabalho começa bem antes da parição… O manejo das ovelhas e cabras prenhes já interfere na mortalidade (ou sobrevivência) dos cordeiros e cabritos.
Vários fatores estão envolvidos na mortalidade dos filhotes e vamos comentar os principais. Precisamos planejar e trabalhar bem as três fases importantes:
Gestação
Avaliação do Escore de Condição Corporal (ECC): realizar 30 a 45 dias antes da parição (pode aproveitar o manejo de vacina da clostridiose). Suplementar (no cocho ou colocando num campo melhor, numa pastagem, etc) as que estiverem com baixa condição corporal (ECC menor que 2,5 – 3). Uma das maiores causas de mortalidade periparto é o cordeiro/cabrito nascer fraco, com baixo peso e a falta de colostro/leite da mãe por também estar fraca.
Ouça o áudio com a explicação:
Tem que cuidar para não suplementar demais pois o cordeiro/cabrito pode crescer demais, a fêmea engordar demais e trancar na hora do parto! Equilíbrio é a palavra chave…
Vacina Clostridioses: vacinar o rebanho no pré-parto, principalmente as ovelhas e cabras prenhes, é garantir que elas passem imunidade (defesa) para os filhotes através do colostro, evitando mortes por clostridioses nas primeiras semanas de vida.
Parto
Garantir que os filhotes mamem o colostro – importante para transmissão da “defesa” (imunidade) da mãe para o filhote. Precisa ser nas primeiras 12 horas de vida, ideal é nas primeiras 6 horas pós parto.
Limpeza e higiene – das instalações e a cura do umbigo (iodo 10%).
Seleção das “boas mães” – seleção de ovelhas e cabras que sejam boas mães, ou seja, cuidem dos seus filhotes, acompanhem eles, deixem mamar e tenham boa produção de leite. Esse item pode não ser importante na produção para leite, onde os cordeiros e cabritos são separados das mães muitas vezes ao nascer…
Local abrigado – em condições de produção a campo, principalmente na região sul do Brasil, é importante ter abrigo para os animais na época de parição. Não significa que precisa ter um galpão para as ovelhas/cabras. Podem ser abrigos naturais (matos, por exemplo), onde possam se proteger da chuva e, principalmente do vento.
Pós-parto até o “desmame”
Sanidade – vacina das clostridioses nos filhotes (não esquecer que precisa de reforço – 2ª dose). Se necessário, aplicação de outras vacinas, mas isso depende de cada propriedade e região. Não descuidar do controle da verminose e da coccidiose que junto com as clostridioses, em geral, são as maiores causas de mortalidade de cordeiros e cabritos.
Alimentação – de qualidade, primeiro para a mãe, que vai ser a responsável no primeiro mês pelo alimento (leite) dos filhotes e, depois, dos próprios filhotes. Como são animais jovens, em crescimento, tem uma exigência alta em relação a qualidade dos alimentos (proteína).
Faça o planejamento dos ítens básicos para que a sobrevivência dos filhotes seja alta, e consequentemente, baixa a mortalidade. Lembre-se: cada cordeiro ou cabrito a mais vivo, é dinheiro $ a mais que terei como receita na criação.
Para resumir, mais um áudio:
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A mortalidade pode ser o indicador mais delicado, embora todos guardem correlação. Quando se fala em vanicar a matriz no pré-parto, há um momento mais específico desse período? Inclusive para as 1a e 2ª dose aplicadas aos filhotes?
Obrigado.
Olá Rudival,
a vacina nas fêmeas gestantes é normalmente realizado de 30 a 45 dias antes do início da parição. Se não vão parir todas no mesmo dia, para algumas o intervalo será de 30 dias e para as outras, mais. Mas, como manejo, realizamos a vacina em todo o lote de uma vez só.
Quanto a vacina nos filhotes, normalmente a primeira dose é com 30 dias e o reforço, cerca de 30 dias após a primeira dose.