Indicadores reprodutivos – 3. Mortalidade

Já vimos como aumentar o número de ovelhas e cabras prenhes (fertilidade), como aumentar a produtividade na criação de cordeiros e cabritos (prolificidade) e hoje vamos ver como aumentar a sobrevivência deles.

Vamos falar do indicador Mortalidade. Podemos calcular a mortalidade total do rebanho mas nesse caso, vamos falar do indicador de mortalidade dos filhotes.

Para calcular, devemos ter o número total de filhotes mortos do parto (nasceu morto, morreu logo após o parto) até o desmame.

Cálculo de mortalidade dos filhotes até o desmame. Exemplo: no total foram paridos 50 filhotes, sobreviveram 45 e morreram 5 até o desmame. 5/50= 0,1 x 100= 10% de mortalidade.

O ideal? Claro, seria 0% de mortalidade, ou seja, que todos os filhotes sobrevivessem. Mas trabalhamos com biologia, as perdas fazem parte da vida. O que buscamos então? Trabalhar com mortalidade o mais baixo possível. Vai depender do sistema de manejo, da produtividade e de muitos outros fatores. Máximo? 10% seria OK, 5% seria bom e 3% seria ótimo. Se conseguir menos, melhor! 😉

Para manter o indicador de mortalidade de cordeiros e cabritos baixos, nosso trabalho começa bem antes da parição… O manejo das ovelhas e cabras prenhes já interfere na mortalidade (ou sobrevivência) dos cordeiros e cabritos.

Vários fatores estão envolvidos na mortalidade dos filhotes e vamos comentar os principais. Precisamos planejar e trabalhar bem as três fases importantes:

Fases importantes para diminuição da mortalidade dos cabritos e cordeiros.

Gestação

Avaliação do Escore de Condição Corporal (ECC): realizar 30 a 45 dias antes da parição (pode aproveitar o manejo de vacina da clostridiose). Suplementar (no cocho ou colocando num campo melhor, numa pastagem, etc) as que estiverem com baixa condição corporal (ECC menor que 2,5 – 3). Uma das maiores causas de mortalidade periparto é o cordeiro/cabrito nascer fraco, com baixo peso e a falta de colostro/leite da mãe por também estar fraca.

Ouça o áudio com a explicação:

Tem que cuidar para não suplementar demais pois o cordeiro/cabrito pode crescer demais, a fêmea engordar demais e trancar na hora do parto! Equilíbrio é a palavra chave…

Vacina Clostridioses: vacinar o rebanho no pré-parto, principalmente as ovelhas e cabras prenhes, é garantir que elas passem imunidade (defesa) para os filhotes através do colostro, evitando mortes por clostridioses nas primeiras semanas de vida.

Parto

Garantir que os filhotes mamem o colostro – importante para transmissão da “defesa” (imunidade) da mãe para o filhote. Precisa ser nas primeiras 12 horas de vida, ideal é nas primeiras 6 horas pós parto.

Limpeza e higiene – das instalações e a cura do umbigo (iodo 10%).

Seleção das “boas mães” – seleção de ovelhas e cabras que sejam boas mães, ou seja, cuidem dos seus filhotes, acompanhem eles, deixem mamar e tenham boa produção de leite. Esse item pode não ser importante na produção para leite, onde os cordeiros e cabritos são separados das mães muitas vezes ao nascer…

Local abrigado – em condições de produção a campo, principalmente na região sul do Brasil, é importante ter abrigo para os animais na época de parição. Não significa que precisa ter um galpão para as ovelhas/cabras. Podem ser abrigos naturais (matos, por exemplo), onde possam se proteger da chuva e, principalmente do vento.

Pós-parto até o “desmame”

Sanidade – vacina das clostridioses nos filhotes (não esquecer que precisa de reforço – 2ª dose). Se necessário, aplicação de outras vacinas, mas isso depende de cada propriedade e região. Não descuidar do controle da verminose e da coccidiose que junto com as clostridioses, em geral, são as maiores causas de mortalidade de cordeiros e cabritos.

Alimentação – de qualidade, primeiro para a mãe, que vai ser a responsável no primeiro mês pelo alimento (leite) dos filhotes e, depois, dos próprios filhotes. Como são animais jovens, em crescimento, tem uma exigência alta em relação a qualidade dos alimentos (proteína).

Faça o planejamento dos ítens básicos para que a sobrevivência dos filhotes seja alta, e consequentemente, baixa a mortalidade. Lembre-se: cada cordeiro ou cabrito a mais vivo, é dinheiro $ a mais que terei como receita na criação.

Atividades importantes para garantir a sobrevivência dos cordeiros e cabritos.

Para resumir, mais um áudio:


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2 comentários em “Indicadores reprodutivos – 3. Mortalidade”

  1. A mortalidade pode ser o indicador mais delicado, embora todos guardem correlação. Quando se fala em vanicar a matriz no pré-parto, há um momento mais específico desse período? Inclusive para as 1a e 2ª dose aplicadas aos filhotes?
    Obrigado.

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    • Olá Rudival,
      a vacina nas fêmeas gestantes é normalmente realizado de 30 a 45 dias antes do início da parição. Se não vão parir todas no mesmo dia, para algumas o intervalo será de 30 dias e para as outras, mais. Mas, como manejo, realizamos a vacina em todo o lote de uma vez só.

      Quanto a vacina nos filhotes, normalmente a primeira dose é com 30 dias e o reforço, cerca de 30 dias após a primeira dose.

      Responder

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