Em qualquer criação, a reprodução é peça fundamental para o sucesso ou fracasso. É com a reprodução que começamos o ciclo produtivo do rebanho e de onde vão sair os resultados: produção de leite, de cordeiros, de cabritos…
E coisas simples são fundamentais para o sucesso da atividade: não vamos pensar em inseminação artificial, sincronização de cio, flushing ou outra técnica qualquer. Vamos pensar no básico, para iniciar? Depois que o básico está feito, aí sim as outras técnicas dão resultado.
FERTILIDADE – palavra que todo produtor gosta e quer ver resultado. Mas como alcançar o máximo?
O máximo que vamos alcançar de fertilidade num rebanho é 100%, ou seja, se eu tenho 50 cabras ou ovelhas, e colocar elas em cobertura, e TODAS ficarem prenhes, terei 100% de fertilidade. A cada uma que falhar, não “agarrar cria”, a taxa diminui. E o que queremos? Uma taxa mais próxima do 100% possível…
Antes de pensar em técnicas avançadas, voltemos para o básico. Aquela ovelha ou cabra que não pariu no último ano, onde está?
Se a resposta foi “não existe mais”, parabéns! Agora, se a resposta foi “continua ali no rebanho”, sinto informar que existe resposta MELHOR! 😉
Uma fêmea que não pega cria nas mesmas condições em que a grande maioria está prenhe (ou seja, a maioria teve as mesmas chances e emprenhou), só nos mostra uma coisa: tem alguma coisa “diferente” com ela. Uma das opções é ela ter baixa fertilidade: necessita de mais montas do macho para emprenhar. E essa característica, de baixa fertilidade, é herdável, ou seja, passa para os filhotes. O que é diferente de INFERTILIDADE, onde a ovelha ou a cabra não tem condições de produzir um filhote. Essa é a mais fácil de identificar e mais fácil de descartar. O problema são as que tem subfertilidade (ou baixa fertilidade), que um ano dá cria, no outro não, e vai ficando no rebanho e “multiplicando” animais com subfertilidade.
A primeira atitude a tomar é descartar esses animais. Não deu cria? Descarta e coloca uma fêmea jovem, filha de uma ovelha ou cabra com boa fertilidade, no lugar. Só essa simples atitude vai aumentar a taxa de fertilidade do rebanho. E com o tempo, descartando animais subférteis, a taxa de fertilidade do rebanho se manterá alta…
Já peguei rebanho onde, historicamente, 30% das ovelhas não davam cria. Mas elas continuavam lá, ninguém identificava e no próximo ano, se não fossem descartadas por velha, entravam de novo no lote de cobertura. E novamente, cerca de 30% das ovelhas não davam cria.
Basta uma conta muito simples: se eu tenho 100 ovelhas, e 30 delas não dão cria, terei 70 cordeiros (pensando baixo, para facilitar a conta). Não era mais fácil eu ter só 70 ovelhas para dar os mesmos 70 cordeiros??? Menos gastos, menos comida e melhor resultado. (OK, depois vamos aumentar ainda mais o número de filhotes, mas daremos um passo de cada vez…)
Se eu descartar as 30 falhadas, ficarei nesse ano com as 70 (posso até descartar um ou outra por outros motivos), e coloco umas borregas (marrãs, novilhas) para cria. Tá, já entendi, o rebanho diminuiu… sim, mas a previsão é que a produção seja a mesma…
E assim vou fazendo, ano a ano, sempre ficando com animais mais férteis (e, principalmente, multiplicando essa genética de alta fertilidade) e eliminando do rebanho as menos férteis…
Viu como uma atitude simples, que não requer investimento de dinheiro (apenas de tempo e vontade, para identificar as falhadas), pode começar a mudar os resultados?
Se eu fizer sempre a mesma coisa, como posso esperar um resultado diferente?
Bom, agora que o básico já está feito, podemos começar a pensar adiante e melhorar ainda mais os resultados (em dinheiro, em eficiência, em ver a atividade progredir)…
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Uauu adorei o conteúdo, vou voltar mais vezes com
certeza!
Olá.
Peço desculpas por essa abordagem, é que observei uma semelhança, mesmo longe com o tema, fertilidade.
Eu adquiri um cabrito para reprodutor, mas ele apresentou um problema que estou na expectativa de resolver, mas preciso mais que resolver, de alguma orientação técnica, também.
É o seguinte: esse cabrito já mostrou que tem o pênis curvo para baixo na ponta, o que impede uma monta efetiva.
A expectativa de resolução para esse problema, além da esperança de correção natural, é usá-lo para colheita de sêmen para inseminação artificial. A dúvida é se ele pode ter outro problema além desse, como de sub ou infertilidade, por exemplo. O problema apresentado poderia ter alguma relação direta com a fertilidade?
Obrigado.
Olá Rudival,
só um exame de coleta de sêmen pode avaliar a extensão do problema (se vai conseguir ejacular na vagina artificial, por exemplo), mas a princípio não tem relação com a produção de sêmen.
O que pode ter acontecido (não sei se é esse o caso) é de alguma “fratura” no pênis, por um salto errado ou brigas entre bodes (tentando um montar no outro).
Esse machucado impede a monta correta, mas pode ser que com coleta de sêmen e inseminação possa ser utilizado o animal mesmo assim.
A pergunta é: vale a pena o esforço? Se sim, ok! Boa sorte!
otima explanação sobre reproducao. sempre que possivel acompanho as reportagens da malize e sempre aprendo mais. parabens marlize e se tivesse você por perto e se me fosse financeiramente possivel utilizaria seus serviços.