Caroços nas cabras e ovelhas: será linfadenite caseosa / “mal do caroço”?

Vejo muitos produtores com dúvidas quando seus caprinos ou ovinos apresentam um “caroço”/ abscesso.

Nem todo caroço é linfadenite, mas toda linfadenite provoca caroço (abscesso), em local que tenha linfonodo (gânglios linfáticos ou íngua ou “catingas”). E esse é um dos maiores erros que vejo: achar que todo o caroço é linfadenite.

Existem várias bactérias que podem provocar “caroços” ou abscessos. Um espinho, um berne depois que caiu a larva, uma vacina (pelo uso de seringas e agulhas sujas/contaminadas). Ou seja, as bactérias que tem no ambiente são “inoculadas”, introduzidas no corpo do animal e provocam um abscesso, um caroço. Sem maiores complicações, normalmente.

Já a linfadenite caseosa ou “mal do caroço” é uma doença causada por uma bactéria específica, que tem um comportamente também específico. E isso que precisamos entender, para identificar se o problema no animal é linfadenite ou um abscesso comum.

A bactéria que causa a linfadenite é a Corynebacterium pseudotuberculosis. Provoca um caroço/abscesso parecido com o da tuberculose, por isso o nome pseudotuberculosis (falsa tuberculose).

A bactéria da linfadenite é encontrada nos gânglios linfáticos, também chamados de linfonodos, ínguas ou “catingas”. Ou seja, só onde tem linfonodos podemos encontrar um caroço provocado por essa doença. E podem ser externos, superficiais, que quando crescem a gente enxerga, ou internos, que só vamos descobrir na hora que abatemos o animal ou fazendo uma necropsia, por exemplo.

Onde tem linfonodos na parte externa?

Então, esse é o primeiro passo: se tem um caroço onde não tem linfonodo, NÃO É linfadenite caseosa.

O segundo passo é identificar o tipo de conteúdo dentro desse “caroço”. As bactérias comuns produzem um pús comum, mais cremoso. Para melhor exemplificar, parece um “leite condensado”. Desculpem a comparação, mas é o que mais se aproxima, ao meu ver, e fica fácil de entender.

Já o conteúdo encontrado num linfonodo com linfadenite caseosa, como o próprio nome já diz, é “caseoso”, ou seja, tem relação com caseína, queijo. Talvez para entender melhor, parece um “queijo ricota com areia dentro.” Ao cortar, além de não ser “pastoso” como um abscesso comum, parece que estamos passando a faca na areia (essa é a sensação).

RESUMINDO:

Se o animal tiver um “caroço” ou abcesso em um local que exista linfonodo ou gânglio linfático e, ao drenar esse conteúdo for caseoso, com grânulos: parabéns, você identificou uma linfadenite caseosa.

Se, mesmo que seja num local de linfonodo mas o conteúdo NÃO for caseoso e sim mais pastoso, como uma caroço normal, mais feliz ainda você deve ficar, afinal, não é esse o problema no seu rebanho! 😉

É muito importante saber o que fazer se um animal estiver contaminado mas mais importante ainda é saber se realmente é linfadenite caseosa ou não.

Existem outras bactérias que podemo provocar lesões (caroços), como a Actinobacilose, causada pelo Actinobacillus lignieresii (afeta mais os bovinos), a Trueperella pyogenes (antes chamada de Actinomyces pyogenes), ente outras. Mas como dizia um professor meu, o que é mais comum é realmente o que mais acontece no campo. E essas outras são realmente muito difíceis de encontrarmos problemas nos animais.

Quer saber mais sobre essa doença? CLIQUE AQUI.


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