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Coleta de lã para a micronagem – o que você precisa saber!
Autores: Marina de Vasconcellos e Leonardo Santos Farion
Desde maio de 2020 viemos construindo a cada mês nosso conhecimento sobre essa fantástica fibra, a lã. Estamos em Outubro o mês tradicional do início das “esquilas” no sul do Brasil, tema este que tantos poetas inspirou e que tantos historias nos trazem a memória. Mas infelizmente não podemos viver só de nostalgia, o campo exige mais do que nunca profissionalismo, o “tec tec” das tesouras substituídos pelas máquinas, a tosquia tradicional pela Tally Hi, a análise visual de classificação da lã pela análise laboratorial em micras.
Sobre o método de tosquia iremos tratar em outras oportunidades, porém vale aqui ressaltar a importância de buscar profissionais atualizados e competentes pois a eles entregaremos nosso rebanho e nossa colheita.
Nosso assunto aqui será a coleta de mecha para a micronagem, esta no Brasil deve ser feita por técnico habilitado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO).
Estes técnicos passaram por treinamento para esta tarefa e conhecem os pontos chaves para uma boa coleta, que aqui serão abordados e explicados.
Primeiramente precisamos entender porque ela é feita num ponto específico do animal, e o que isso trará de resultados, para tanto vamos descrever o passo a passo de uma avaliação visual do velo que segue as características de finura e qualidade. Este tipo de avaliação começa pela paleta (membro anterior), passando pelo lombo e descendo pela lateral acompanhando o velo até a barriga, depois se direciona para o quarto (membro posterior) e deste desce até o garreio, dessa forma observando e comparando todo o velo ao longo do corpo do ovino, e tomando ciência da homogeneidade, suavidade, coloração, comprimento e caráter do velo (as nervuras ou ondulações formadas ao longo do comprimento da mecha). Nesta avaliação é onde notar-se pequenas variações de finura e caráter percebendo que a paleta é mais fina que o quarto e também mais fina que o lombo.
Assim no momento da coleta buscamos um ponto médio no animal, que será a última costela, mais precisamente o espaço entre a última e a penúltima a um palmo do lombo.
Neste ponto escolhemos uma amostra do diâmetro de uma moeda de 50 centavos e cortamos com uma tesoura cirúrgica em curva rente a pele, porém sem proferir cortes no animal, assim teremos o comprimento exato da amostra, evitando distorções na hora da leitura pelo aparelho que irá medi-la.
A garantia da coleta de todo o comprimento da mecha é importante pois como já conversamos em textos anteriores, a lã está em constante crescimento e formação, sendo assim uma mesmo amostra apresenta finuras diferentes ao longo do seu comprimento devido a nutrição, sanidade e estado fisiológico do animal. O OFDA reconhece todas essas variações de finura, mede cada uma delas e faz uma média onde as variáveis são comprimento de mecha/finuras encontradas, assim em mechas muito curtas as vezes encontramos medidas tendendo a valores mais altos, o que acaba se diluindo quando temos um comprimento de mecha maior para avaliar. Logo o tamanho mínimo de mecha para ser coletada deve ser no mínimo é de 5cm, ou quanto maior for melhor.
Outro ponto importante é o clima, devemos ter cuidado para que o dia da coleta não seja um dia chuvoso ou úmido, pois o animal, e a lã, precisam estar secos, uma vez que, como já abordamos em textos anteriores a lã é higroscópica (capacidade de absorver até 50% de seu peso em água sem pingar) e assim ela altera de espessura quando úmida, ocorrendo um resultado errôneo quanto a finura real. Para tanto sempre buscar realizar a coleta em dias ensolarados e de preferência mais para metade da manhã até antes da tardinha, assim evitando a umidade natural desses períodos.
A mecha de lã coletada deve ser guardada em sacos plásticos individualizados, e com a identificado do número (brinco ou tatuagem) de cada animal, para que os resultados sejam identificados e depois os resultados possam ser trabalhados na propriedade.
Ficou com vontade de coletar o seu rebanho laneiro, entre em contato conosco e conversamos mais sobre o assunto.
Artigo publicado em 08/10/2020
Texto de responsabilidade dos Autores.
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