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Você sabe o que é velo?

Autores: Marina de Vasconcellos e Leonardo Santos Farion

Podemos dizer simplesmente que velo é o conjunto de lã que se apara da ovelha após um ano de crescimento, aqui também poderíamos dizer que no velo está presente toda a lã do corpo do animal exceto a lã das patas, barriga, topete e região perineal. Porém, não é somente pela lã que recobre o corpo do animal que ele é constituído, no velo sujo também encontramos a suarda, a escamação da pele, os resíduos vegetais e a umidade do ar.

O velo de um animal conta a história de seu ano produtivo e climático. Nas características de um velo são analisados fatores como o tamanho, a uniformidade, o peso, a limpeza e a pureza. Essas por sua vez são diretamente influenciadas pelos componentes do velo, onde em primeiro lugar está à lã e suas características e propriedades físico-químicas, em segundo a suarda e ainda os fatores ambientais. Sendo assim é difícil dissociar características de velo e lã, uma vez que o primeiro é composto pelo conjunto de fibras da segunda.

Para fins de entendimento aqui vamos abordar características que ainda não falamos em outras publicações, mas antes precisamos conhecer a suarda, esse componente quase invisível aos olhos, mas que nos salta ao toque.

A suarda ou a graxa da lã, como vulgarmente pode ser conhecida, é resultado do que é produzido pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, tendo a função de hidratar a pele e o fio de lã, protegendo-o da ação do tempo. O toque agradável de um velo é talvez uma das características mais ligadas à presença e a qualidade da suarda produzida. Qualidade essa que pode variar, sendo baixa, quando a suarda se apresenta densa e/ou granulosa e amarelada, e alta quando a suarda é fluída e branca, propiciando uma lubrificação uniforme e também garantindo que características da fibra como a resistência não sejam afetadas pela sua ausência. É na suarda que está presente um componente bastante nobre e altamente apreciado pela indústria de cosméticos e medicamentos, a Lanolina, que com certeza será assunto de outro texto nosso, por hora precisamos saber apenas que a Lanolina está presente na parte insolúvel, tendo assim uma parte solúvel, composta por água e minerais.

Agora sim podemos falar das características do velo começando por aquela que, juntamente com a finura, irá nos garantir um bom resultado financeiro, o peso. 

Ele é um dos componentes mais importantes dentre os avaliados e selecionados, uma vez que não nos é eficiente economicamente um animal que produza uma lã fina e de qualidade, quando este a produz em pouco volume. Sendo o peso afetado pela densidade, pelo comprimento de mecha e pela presença de suarda, e todos estes definidos pela genética, pela nutrição e por fatores ambientais. Precisamos ter em conta todos esses para que assim possamos garantir uma produção de lã adequada.

Seguido do peso temos o tamanho do velo, este associado à estatura corporal do animal que o produziu. Quando buscamos referências um pouco mais antigas de raças especializadas em produção de lã provavelmente iremos nos deparar com animais que apresentam uma quantidade enorme de rugas no corpo, essa particularidade em um primeiro momento foi avaliada como positiva, pois propiciava um tamanho de velo considerável. Porém notou-se que estes mesmos animais também tinham uma probabilidade maior de apresentarem problemas como fungos, sarnas e feridas decorrentes das rugas. Através de anos de melhoramento genético, hoje as raças produzidas mundialmente tem um maior tamanho corporal e quase nenhuma ruga, o que propicia ao animal melhor bem-estar e ao produtor melhores resultados. 

Já a uniformidade de um velo esta intimamente atrelada à qualidade individual das fibras que o compõem, pois o que se espera de um velo uniforme é que ele apresente em todas as suas partes uma ondulação da fibra, o que chamamos de caráter, o mais constante possível desde o seu rompimento até a sua base. Aqui vale ressaltar que um conceito bastante difundido de que animais com um caráter menor consequentemente teriam uma maior finura de lã, não é mais aceito de forma direta em lãs modernas, onde pôde se constatar que estas características nem sempre estão diretamente relacionadas.

Quando nos referimos à limpeza de um velo estamos falando de sua capacidade de não deixar poeira e outras sujidades do ambiente penetrarem em sua mecha, essa condição é propiciada pela densidade das fibras, ou seja, um velo mais denso será mais limpo que um velo mais “frouxo”.

Por último, mas não menos importante temos a pureza dos velos, que é definida pela ausência de pelos e/ou kemps, que são fibras com presença de medula, lisas e com uma finura maior que 50 micras. Estes pelos entremeadas à lã, a fazem perder qualidade para o processo industrial. Normalmente os velos menos puros estão em raças não especializadas na produção de lã.

Porém não só a ovelha tem que fazer a parte dela na hora da produção de lã, para garantirmos um velo de qualidade superior, além de todo o trabalho de manejo e seleção feitos ao longo do ano, precisamos garantir uma boa “colheita” deste velo, realizando tosquias de qualidade com um bom acondicionamento. Assuntos estes, também, para um próximo encontro.

Artigo publicado em 11/08/2020
Texto de responsabilidade dos Autores.


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