Curso Verminose

Ceará

Bom manejo requer instalações adequadas

Detalhes das construções podem fazer a diferença em termos de conforto para os animais, controle de verminoses e até mesmo ganhos para a produção

Construir instalações para caprinos e ovinos que evitem a proliferação de doenças, permitam uma boa produção de leite ou carne e sejam seguras contra roubos e ataques de animais é algo possível para os agricultores familiares do sertão nordestino. Pesquisas realizadas pela Embrapa Caprinos e Ovinos indicam que detalhes das construções podem fazer a diferença em termos de conforto para os animais, controle de verminoses e até mesmo ganhos para a produção.

Segundo o médico veterinário Fernando Henrique Albuquerque, do setor de Campos Experimentais da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, em regiões de clima quente e seco, como o semiárido nordestino, é importante observar aspectos como a incidência solar e ventilação para evitar o desconforto dos animais.

"É ideal que o chamado pé-direito, a parte mais baixa do telhado, não seja menor que 2,20 metros, para evitar fatores como a retenção de calor. No Nordeste, também não é recomendável o uso de telhado com materiais como zinco ou cimento, sendo recomendado o barro ou a palha", ressaltou.

Conforme aponta, já foram verificados casos em que animais submetidos à mesma dieta mostravam ganho de peso de 200 gramas diárias, quando confinados em locais confortáveis, e a metade disso quando ficavam em instalações com temperatura mais alta. Ele enfatiza também a necessidade de observar o sentido da localização da instalação, para melhor aproveitamento dos raios solares, de acordo com a finalidade da produção.

"No caso de animais em confinamento, a melhor localização do seu comprimento é no sentido leste-oeste, para que o sol incida por cima da cumeeira. Se não for feito assim, animais localizados no lado oeste (poente) à tarde serão prejudicados. É um fator que interfere no consumo de ração e no surgimento de doenças", diz Albuquerque.

Já no caso da pecuária semi-intensiva, em que caprinos e ovinos passam parte do tempo livres em campo, o sentido adequado é o norte-sul. "É importante observar que os raios solares têm um efeito desinfetante para exterminar bactérias e parasitas, além de evitarem que instalações de chão batido permaneçam com pisos molhados em época de chuva, fator que pode provocar doenças no casco", explica.

Questões sanitárias também devem ser observadas, especialmente na posição de comedouros e bebedouros. Doenças intestinais como a eimeriose podem ser evitadas quando os cochos são posicionadas em local e altura corretos. "Comedouros e bebedouros devem ficar fora da instalação e deve ser usado o canzil, para que só a cabeça do animal possa alcançar o cocho", recomenda o veterinário, como medida para evitar, inclusive, que os animais urinem e defequem nos cochos, problema ainda comum em pequenas propriedades. Também se sugere que a altura do cocho fique a 20cm do chão para animais adultos, altura que pode se reduzir no caso de animais jovens. A área de cocho para cada animal deve ser de 30cm para adultos e 20cm para jovens.

Albuquerque enfatiza que a contaminação devido à alimentação em cochos inadequados pode causar perdas aos produtores, que nem sempre são visíveis. "O produtor não vê recompensa para questões como esta na hora de comercializar os animais. Porém, observa-se, por exemplo, que em rebanhos com presença da eimeriose o desenvolvimento pode ficar atrasado. Animais saudáveis que ganhariam 150 gramas por dia, com a doença ficam em somente 50 a 80 gramas. Há prejuízo também na conversão alimentar: em rebanhos saudáveis, um produtor utiliza quatro quilos de ração para um ganho de um quilo de peso. Em rebanhos atingidos pela doença, é necessário o uso de dez ou mais quilos de ração", ressalta.

Outras questões relacionadas à sanidade animal devem ser observadas quanto à extensão de área coberta, declive e drenagem do local. A área deve se basear numa relação categoria de animal/piso utilizado/ fornecimento de ração, de acordo com Fernando Henrique. No caso de animais adultos, a área deve ser de 1m para cada animal em piso ripado, 1,20m se o piso for de cimento e 1,5m para piso de chão batido.

O espaço maior em chão batido se explica pela maior facilidade de encharcar em período chuvoso. Pelo mesmo motivo, deve haver preocupação com o declive do terreno (o recomendável é 3%) e as condições de drenagem do terreno, sendo os de textura consistente (duros, pedregosos ou de afloramento calcário) mais recomendados.

A construção de instalações traz, ainda, vantagens quanto a segurança dos animais e a economia de material. Problemas relacionados a roubos nos rebanhos podem ser amenizados com a construção de instalações distantes de estradas e o estímulo a hábitos simples, como alimentação com suplementação no fim da tarde, para que os animais retornem ao aprisco.

Notícia adaptada pela Equipe Capril Virtual com informações Embrapa Caprinos e Ovinos (05/03/2013)

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